4.9.08

(um anónimo escreveu)

hoje é daqueles dias em que te leio e sustento uma fome lunar

hoje é daqueles dias em que o silêncio é torrencial

daqueles dias em que qualquer coisa se despega de nós todos, como se nos tivéssemos conhecido só aqui e agora, neste amplexo telepático de quem toca nas nuvens com as plantas dos pés descalços e corre sem
parar, por uma planície imaginária com o seu monstro selvagem

daqueles dias em as palavras escoam as vertigens pelas pontas dos dedos
labirínticos

os dias da mais terrível succão, audível pelos estranhos que passam e a
quem dizemos quotidianamente qualquer coisa de agradável, ou não

os dias derradeiros em que o aqui e agora são essenciais para o nosso
equilíbrio mecânico que tudo conjuga.

que a manhã que se segue seja em a de um mundo em que é possível
chorar sementes aladas e cerzir um coracão de pássaro...