26.6.07

Para a Filipa a pequenina bebé, um outro final da história do gato malhado e da andorinha Sinhá de Jorge Amado.
Sobre a choça chovia ainda direita e grossa a chuva, quando António José Bolivar acabou de ler mais um romance de amor, a história do gato malhado e da andorinha Sinhá.
Tinha saboreado devagar as palavras e leu em voz alta o soneto do amor impossível, mas aquele final fê-lo ter vontade de atirar o livro janela fora, como não podia, tinha que devolvê-lo ao dentista arremessou-o para cima da mesa alta e resolveu ir fritar umas rodelas de banana verde. Continuava a chover e por isso deitou-se na rede de dormir e ficou a imaginar um outro final, embalado pela melodia da água a cair sobre a palha.

- Não é possível a andorinha sinhá ter casado com o rouxinol! As andorinhas são pequenas aves muito corajosas e fortes, são capazes de voar muitas milhas em busca de alimento e calor; como aquelas que tem umas pintas vermelhas na cauda, que voam desde as florestas boreais até ao norte de África. E a andorinha Sinhá com o seu pequeno coração revolucionário teria tido a coragem...

Depois de ter pensado em voz alta estas frases, o velho fechou os olhos e viu a andorinha Sinhá voar a grande velocidade em direcção ao gato malhado e tocar-lhe ao de leve com a asa esquerda, e em seguida os dois juntos, foram para não se sabe muito bem onde. E assim a andorinha Sinhá quebrou uma antiga lei que não permitia o amor ou outro relacionamento próximo entre gatos e aves (esta parte fez-lhe lembrar uma outra história em que um gato e uma ave também quebravam uma lei ou seria um tabu?).

20.6.07

foto:angela pereira
No Surprises.wma

14.6.07